domingo, 24 de outubro de 2010

Quem disse que homem não liga pra moda?



Todas nós já ouvimos esta expressão: “homem que é homem” não liga prá moda! 

Será? Sei não... 

Esse conceito, ou melhor, esse fingimento não “cola” mais. Digo fingimento porque os homens, até mesmo os “homens que são homens”, ligam. E não é assim de agora, porque a humanidade está mais louca, porque existem os metro, uber, trans, sei lá o quê sexuais. Sempre foi assim. MESMO. Aliás, nos séculos passados, era mais assim do que é hoje. 

Antes da moda ser um fator de relevância na vida feminina, era de mais relevância na masculina. As roupas na época dos reis e rainhas eram cheias de babados, fios de ouro, pedrarias. Em algumas côrtes e culturas, inclusive, as dos homens eram mais representativa que das mulheres. 

Isso só foi mudar com advento da Revolução Francesa e, depois, com a Revolução Industrial. A partir deste momento, o homem que ostentava demais era considerado traidor da ideologia vigente. As pessoas tinham que esconder as posses, e, dessa forma, os trajes mais sóbrios para os homens entraram na “moda”. As mulheres disfarçavam também um pouco, mas precisavam ainda ostentar, já que passaram a ser o termômetro do sucesso masculino. Uma mulher elegante, bem vestida = sucesso, prosperidade daquele homem que podia a sustentar. Uma mulher “desgranhada”, com número pequeno de trajes = aquele homem não consegue nem dar o que vestir a esta coitada. Vejam que bom argumento para darem aos maridos quando comprarem um roupinha nova. História é tudo! 

Mas, mesmo na sobriedade, o homem se preocupava e muito com a aparência: da sua esposa e sua também. O dandismo * é um exemplo disso. O homem dandi era elegante, usava roupas com corte impecável, sem rugas, limpas, nobres, era o próprio minimalista. Com o tempo a coisa foi “degringolando... o homem que cuida da aparência, ou que liga para moda, passou a ser considerado efeminado. Todos queriam estar bem vestidos, pediam opinião na loja, à esposa, à irmã, com a namorada, mas quando eram indagados sobre o assunto respondiam: “ah, este terno, coisa da fulana...”. Só que “a fulana” sabia o quanto ele havia se preocupado e perguntado se estava bom meeeesmo. 

Felizmente isso é passado. Ou quase passado. Hoje é mais natural o homem assumir que se cuida, que gosta de se vestir bem, que quer estar bonito. As revistas de moda masculina ganharam mais projeção, os manuais de estilo direcionado aos homens não param nas livrarias. Quem sabe não teremos daqui pra frente só homens cheirosos, estilosos, cavalheiros? Chega daqueles exemplares que buscam serem os ogros das cavernas (tem ogro em caverna?! Ah, vcs me entenderam!) para provarem que são machos. Bem vinda Era de Aquário!! 

*Movimento estético masculino do século XVIII 

Luciana Solino 

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