terça-feira, 7 de junho de 2011

Acabaram com a Feira Hippie - Post para os brasilienses…



Sabia que isso estava para acontecer. 

Em minhas andanças dominicais ouvi os rumores. Mas duvidava. 

Duvidava porque imaginava que os feirantes e a população se rebelariam, que haveria manifestos, que a imprensa entraria em defesa deste - que é um dos únicos programas tradicionais que temos em nossa cidade. 

Não aconteceu. O silêncio foi absoluto. 

Como estava viajando, fiquei um pouco sumida. Mas, neste final de semana, quando fui comer a minha amada tapioca com meu filhote, o que encontro? Um vazio embaixo da Torre de TV e toda nossa feirinha transferida para um espaço de concreto com lojinhas, ou melhor, prêmio de consolação de lojinhas. Um horror! 

Não afirmo que esteticamente esteja um horror, apesar de achar que está, mas posso afirmar que aquilo lá não é, nem de longe, uma feira hippie. 

Não entendo como isso foi permitido! Onde iremos empinar pipa com nossos filhos? Onde iremos sentar no gramado para comer nossa tapioca, cocada, pipoca, acarajé? Onde vamos ficar apreciando a vista da cidade com o som da bandinha peruana ou o som do berimbau ao fundo? Como ficaremos sem aquele ventinho que nos acompanhava enquanto passeávamos? Onde estão as barraquinhas? Sim, porque feira tem que ter barraquinhas, senão deixa de ser feira e vira comércio popular! E foi exatamente isso que fizeram! Transformaram a nossa charmosa, espirituosa, artesanal Feira Hippie em uma Feira do Paraguai mais moderninha. 

Jurando que esta não era uma indignação só minha, mas de todos, perguntei à moça que me fez a tapioca: “E aí? Muitas reclamações com o novo local?”. Ela respondeu: “Não. O pessoal até que tem gostado porque assim fica com mais cara de shopping!”. Engoli minha tapioca com lágrimas nos olhos e pensei: Ôoooo povo sem tradição! Ôoooo povo sem memória! Por isso que Europa é Europa e Brasil é Brasil. Pronto. Falei. 

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