terça-feira, 7 de junho de 2011

Sou uma mulher de jóias



Dito dessa maneira pode soar meio arrogante. Mas eu explico. 

Os objetos só para serem vistos, para serem mostrados ou exibidos não passam de objetos. Não têm significado para mim. 

Gosto de coisas que carregam história. E as jóias são assim. Marcam aniversários, nascimentos, casamentos, separações… Sim! Um novo anel para substituir a aliança que infelizmente terá que sair pode preencher – nem que seja só fisicamente – o vazio que fica em nossas vidas. Quando casamos firmamos um pacto simbolizado pela aliança. Por que não, ao nos separarmos, simbolizarmos essa transição com um novo marco? 

As jóias têm significado. Devem ter. Se não forem compradas com essa intenção, perdem absolutamente o sentido. Ainda que fosse uma endinheirada, não entraria em uma joalheria e compraria por comprar. Não é assim que funciona. A compra de uma jóia é uma experiência, deve ter um porquê. Aquela peça guardará uma história, talvez um segredo, que sempre que olhada a remeterá aquele momento. 

Claro que podemos fazer isso com qualquer objeto. Mas, ocasionalmente, a eficácia não é a mesma. Guardava há anos uma conchinha (do mar) que tinha verdadeira loucura! Minha irmã pegou em uma de nossas viagens em família, quando ainda éramos adolescentes e me deu. De forma inesperada. Na hora já achei o gesto mais fofo do mundo! Quando olhei por dentro estava escrito: eu, um desenho de coração, você. Minha irmã provavelmente nem se lembra mais disso, mas a conchinha morava na caixinha de jóias que era da minha avó, em cima da minha centenária penteadeira. Um dos locais mais nobres de minha casa! Um dia minha assistente disse que as conchas (guardo também umas que meu filho trouxe da sua primeira viagem sozinho com seu pai) haviam caído no chão. Gelei. Perguntei: “Alguma quebrou?” Ela respondeu com uma afirmação que sim. “Sim?!” A vítima havia sido a que fora presente de minha irmã. Respondi que tudo bem – afinal não queria que ela me achasse uma louca que fica chorando por conchas. E, até eu explicar que aquelas conchas não eram só conchas, mas jóias, seria um longo caminho… Assim que saí de casa, chorei. Um choro sentido. No elevador mesmo. Sei que era apenas uma concha, que minha irmã está lá em SP “vivinha da silva”, mas sempre que via a minha conchinha me lembrava daquele nosso dia e ele repentinamente voltava a existir. 

Depois da tristeza dessa perda, me tornei mais fã das jóias. Já que estas são feitas de ouro – uma liga forte que não se quebra ao cair no chão! Eficácia garantida. 

Objetos, perfumes, o que vestimos, o meio que escolhemos para nos mostrar têm que ser mais, MUITO MAIS, do que apenas “coisas”. Eles têm que contar a nossa história, passar de gerações, mostrar quem somos e o porquê de terem entrado em nossas vidas. 

Sou uma mulher de jóias. No sentido mais amplo da palavra. Não sou uma mulher de coisas caras, mas que ama as coisas que me são caras. 

2 comentários:

  1. Simplesmente amei, Lu! Texto lindo! Parabéns mais uma vez! Beijos. Dri Lafetá

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  2. Lu, concordo em gênero,numero e grau. Já era sua admiradora...virei fâ.
    Beijinhos.
    Anna Rozov

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